REFLEXÕES

Património cultural 28
Ruinas romanas da Raposeira
Ainda não vou dar por concluída esta série de estórias da História da ocupação romana neste velho território de Azurara. Há ainda espaço para dar luz e cor a situações insólitas, se não aberrantes, que nos passam pela frente. Acabo por manifestar uma certa desilusão que me ficou fruto da falta de entendimento por parte das autoridades concelhias ao longo dos anos em que se desenvolveram trabalhos de arqueologia no concelho. Também não se aperceberam do valor histórico e cultural que lhe tínhamos deixado nas mãos depois de tantas campanhas de escavações extenuantes. Não! Não entenderam nada ou muito pouco. Sei que há muito boa gente por este País, que não suporta a frontalidade, talvez porque estejam habituados a tirar partido dum certo servilismo dos que rastejaram por um qualquer lugar numa cadeira de gabinete. É esta infelizmente a realidade política e social que desvirtua a nossa democracia. Nunca foram, todavia, esses os meus horizontes e por isso faço esta análise com tranquilidade. Assim os anseios de um 25 de Abril luminoso e verdadeiro no desenrolar dos anos portugueses desvanecem-se e a desilusão instala-se. Em 1980 fundou-se a ACAB que conseguiu durante alguns anos demonstrar a sua força na defesa do Património Cultural e Arqueológico concelhio. Era um esteio forte… Mas há um estranho desígnio nesta terra, e talvez não seja caso único – o que se cria por paixão, por dádiva, por amor à causa, não é compreendido ou é aproveitado por outrem para seu próprio proveito…Talvez a orientação dada nos primeiros anos da sua actividade tenha gerado forças contraditórias que a corroeram. Assim a energia desta Associação na defesa do Património e da Cultura foi-se desvanecendo e é pena…Nem ela já tem capacidade de reacção perante as aberrações que se foram e vão constatando com o decorrer dos anos. Assim, também, a compreensão e o apoio que poderia ter sido prestado para ajudar a evitar o abastardamento das ruinas romanas da Raposeira não existiu. Foi pena. Até porque, arquivados nos seus armários ou prateleiras, devem existir muitos documentos escritos (Relatórios e publicações) e muito material arqueológico que lhe era anualmente facultado após cada campanha de escavações. Também isto terá de ser revisto e avaliado…por quem? Mal vai neste concelho uma certa linha cultural que se perde no Horizonte.